Nesta semana tive a honra de receber um capítulo de livro de um colega muito competente, Javier Caletrío, do Center for Mobilities Research, com uma solicitação de fazer comentários. Com trabalhos principalmente concentrados no Mediterrâneo, o pesquisador discute questões de mobilidade em uma perspectiva ampliada. Seus interesses perpassam também as percepções transculturais e seus trabalhos tem se aproximado das Américas Latina e do Sul. Ele já esteve no Brasil, em 2011, quando deu uma palestra interessantíssima na FGV Rio sobre o turismo de massa no mediterrâneo. E problematizar a questão do turismo de massa é fundamental para quem discute sustentabilidade (especialmente sem tentar dicotomizar ou classificar em bom x mau).
O que tive a oportunidade de ler foi um capítulo que será parte de um livro sobre mobilidades das elites. É um trabalho muito interessante, de caráter qualitativo, que procura conhecer a relação entre o turismo realizado pela elite e como isso influencia os desejos de consumo de turismo da classe média. Além disso, tangencia a percepção destas pessoas acerca questão de mudanças climáticas ligada às emissões de carbono resultantes de suas férias. Sim, para mim também pareceu muito diferente de tudo o que já li e já vi nas pesquisas em turismo, uma nova combinação de construtos para mim. Novas perspectivas que oxigenam o pensamento e nos fazem refletir sobre aspectos que nunca tínhamos realmente considerado.
Não vou poder adiantar os resultados, já que o livro ainda vai sair pela Routlegde neste ano: Elite Mobilities é o título e mais detalhes podem ser conhecidos aqui. Mas posso dizer que as conclusões são instigantes, especialmente as reações demonstradas pela classe média quanto às elites e quanto ao turismo de massa no mediterrâneo. Só vou adiantar que fica mais evidente a desconexão do que a ligação entre a classe média e a elite, já demonstrada no título do capítulo ("This is not me"). Para saber mais, teremos que esperar o lançamento do livro, em setembro.
O próximo passo é buscar pensar na nossa realidade nacional. O diálogo com o autor está aberto e irei postar algumas das considerações que fiz para ele. Agradeço mais uma vez ao Javier Caletrío pela confiança e pela postura sempre colaborativa na construção de uma pesquisa mais robusta no campo do turismo.
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