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terça-feira, 2 de abril de 2013

Reflexões soltas 2: o Brasil como destino turístico internacional?

Uma das perguntas que mais escuto nas minhas viagens internacionais é: por que o Brasil não é uma potência do turismo internacional? Assim como o México, a Tailândia, o Peru, a Turquia, entre outros países com desafios - de alguma forma - comparáveis aos nossos?

E, confesso, eu penso a respeito disso há vários anos. Desde que fui à Tailândia, em 2002, caiu por terra a explicação ligada à barreira do idioma, bem como a explicação de que é um país "pobre" ou sem diferencial competitivo. Quando lá estive, a Tailândia era o número 13 em turismo no mundo, e o Brasil nem era comentado. E, certamente, o Brasil tem inúmeros atrativos de grande apelo internacional. 

Claro que muita coisa mudou neste meio tempo: o Brasil ficou na moda, o Brasil é o B dos BRIC, o Brasil entrou nas manchetes internacionais no mundo da economia e dos negócios, o PIB do Brasil superou o de países tradicionalmente ricos e, no turismo, foram feitas políticas de desenvolvimento (além daquelas de divulgação, já existentes há algumas décadas). Mas, por que o Brasil continua a comemorar 5 milhões de turistas por ano, quando a Turquia recebeu em 2011 quase 30 milhões de turistas internacionais e o México recebeu 23 milhões (UNWTO, 2012)?

Uma das questões já evidenciadas é a proximidade com grandes mercados emissores. Isso nos separa, com um enorme abismo, de um país como o México e mesmo da Turquia (para o qual o fluxo de voos low cost a partir da Europa é crescente e a distância até Istanbul é de 3 a 4 horas de voo a partir da Europa continental). Para o México, a fronteira com os EUA tem seus custos, e seus benefícios. A proximidade com o Canadá também é bastante positiva neste ponto de vista. Então, já vemos uma primeira barreira. Quando falamos de turismo internacional no Brasil, sempre os argentinos tem sido os primeiros colocados, provavelmente, em função da distância e da fronteira. Especialmente concentrados no sul e, no máximo, no sudeste. Não podemos esquecer que o poder de compra deles no Brasil, cai ano após ano. 

O custo do Brasil é inegavelmente uma questão a ser encarada. Esse é outro aspecto que já ouvi de muitos viajantes que visitam nossos vizinhos sulamericanos, e decidem não vir ao Brasil. No Peru, na Bolívia, no Chile já ouvi de turistas que é melhor passar mais tempo nestes outros países do que pouco tempo no Brasil - considerando o mesmo dinheiro. Outra explicação que já ouvi foi acerca da dimensão continental do Brasil - e mais uma vez do custo de deslocamento interno, em tempo e dinheiro. 

Quando olho para o México e vejo desde quando são feitas políticas de desenvolvimento de turismo (umas acertadas, outras péssimas!), isso também me mostra que estamos no começo. As nossas políticas datam da década de 90. Não estamos estagnados, o que é uma boa notícia. Mas para eles o turismo já era um setor estratégico, assim considerado pelo Estado, desde a década de 60. São algumas décadas que fazem uma diferença no processo de amadurecimento de um destino, certo?

Um outro aspecto que urge para mim, quando penso no processo decisório de escolha de um destino turístico, considerando um perfil que viria ao Brasil, é que a violência não parou de crescer. É alarmante voltar para o país e ver a manchete sobre a turista estuprada em uma van no Rio, principal destino internacional do Brasil e cidade maravilhosa do imaginário mundial. Não menos grave é saber que uma brasileira havia sofrido dos mesmos crimes e nada havia sido feito. Não contam a favor do Brasil alguns rankings que, provavelmente, afastam muitos potenciais turistas. De todo modo, me parece ser este um dado contra o qual o impacto na percepção do viajante fica difícil de amenizar, ainda que com mil palavras. 

Cada um destes aspectos merecia uma discussão aprofundada, pesquisas relacionadas e um post específico. Preciso deixar claro um último aspecto: estas são questões a serem encaradas e trabalhadas para que a nossa expectativa do Brasil como um grande destino turístico possa se realizar. E eu não perdi a fé.

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