Estive um tempo ausente por conta das férias e este post ainda tem sabor de férias, não de trabalho.
Sair como turista, faz uma pesquisadora em turismo pensar bastante no que experimenta. Uma das maiores reflexões que faço quando turista, ainda que não seja uma das quais pesquiso, é a relação das pessoas com a fotografia durante a viagem. Isso surgiu para mim em 2005, a primeira vez que fui ao Louvre e via as pessoas se acotovelando para tirar uma foto de uma imagem que era velha conhecida deles, a Monalisa. Percorrer o museu era como se fosse uma maratona para encontrar aquela imagem familiar dentre seus infinitos andares e corredores para tirar uma foto daquele quadro, que não é o mais bonito, nem o maior, nem o mais impressionante da história da arte.
Pois bem. Neste dia, eu tirei a minha primeira foto de hordas de turistas-fotógrafos. E desde então, sofri um certo desencantamento com a fotografia durante a viagem e quase reagi ao contrário: não fotografando muita coisa, ou quase nada. Tento guardar na memória o gosto, o cheio e a cor dos lugares sem a interferência de algo que pode espoliar o presente em função de uma divulgação futura. Novamente fiquei chocada, e me lembro bem disso, quando em 2009 em Meknes, no Marrocos, vi um ônibus de japoneses munidos de super-câmeras descer do ônibus e tirar fotos da praça em 5 minutos, voltar para o ônibus e partir. Nenhum olhar foi dado fora do visor da máquina. Nem respiro foi mais profundo, ainda que perante um dos portais mais lindos que já se viu e de uma praça cheia de vida.
É fato, muita coisa se perde na nossa memória, mesmo sem querer. Mas muita coisa também se perde ao não tomar um certo tempo para olhar fora da tela digital ou do visor. Esta minha angústia foi compartilhada no artigo que li hoje na Carta Capital e por isso chegou até aqui. Vale a leitura.
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